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Carta de Despedida

August 10, 2016 in projeto de pesquisa

Escrevo pois estou prestes a tomar uma das mais importantes decisões da minha vida. Sinto que não tive escolha, ou talvez que não era essa a escolha que vocês esperavam. Que eu saiba estou há pouco tempo nesse mundo, mas confesso que os últimos acontecimentos tem balançado bastante as minhas crenças e me deixado apreensiva em relação ao meu ser aqui. Nasci ser humano e com uma intensa vontade de me relacionar. Nunca fui uma pessoa isolada ou concentrada em meu próprio crescimento enquanto indivíduo. Tenho percebido, porém, nos últimos tempos, que tem sido bem mais fácil me relacionar com as coisas propriamente ditas que com os seres viventes. Não sei se minha natureza ansiosa vem me proporcionando muitas decepções com os seres vivos ou se é a idade chegando e, com ela, uma queda abrupta da iniciativa em manter tudo isso vivo. 

O que acontece é que me pego, por vezes, completamente distraída em uma conversa olhando fixamente para a mesa, destrinchando suas ranhuras e padrões do descascado. As tonalidades da madeira. Diga, é ou não é uma prova de uma atração incomum pelas coisas? Outro dia bati o carro, analisando o movimento do contador de quilômetros no painel. O seu movimento constante, seu ritmo regular, me seduziu a ponto de eu não ver mais nada na minha frente. E o jeito que eu olho para os tacos do piso da minha casa levantando? Tenho certeza que tem algo mais entre eu e aqueles tacos... 

No fim de semana deitei na toalha, ao sol, com o pretexto de me bronzear, sentindo intimamente a real vontade de fundir minha pele ao tecido felpudo. O que dizer do conforto que sinto dentro do closet? Só ali me sinto pertencendo verdadeiramente a um lugar, desejando um cabide para me descansar.

Já não anseio por um abraço, só quero que me guardem. Em um local, próprio, de preferência. Dobrada, empilhada, organizada.

Quando sento, espero que sentem em cima de mim. Ou me afastem, se necessário for. Não quero ser rara, quero uma utilidade. Não precisar de nada.

Por essas e por outras, optei pelo processo de me assumir em outra categoria no mundo. Espero que compreendam, que possamos nos topar por aí e, quem sabe, até compartilharmos algumas sensações.

Adeus

 

 

Tags: carta, geringonça, julia henning
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