dança

Parecia dança

Tomou aquela menina, já um pouco imóvel nos braços, e a vestiu como a coisa mais linda ou necessária que poderia integrar seu corpo. Seu suor tomava aquele corpo de mulher, como a madeira banhada em verniz que se enche de brilho.

Parecia lindo... Parecia dança...

Meus olhos por alguns momentos, não sabiam mais a quem dar a importância do olhar. Na mulher que dançava como quem ama o vento, ou na criança de pouca mobilidade, que sutilmente remetia a imagem de um objeto de madeira. E na gota de suor que escorreu ali, quase despercebida do queixo da dançarina, me trouxe a sensação de que o toque da gota, de encontro com aquele ser envernizado, o faria mais vivo e gentil. Depois de percebido a importância dessa criança, a dançarina encontrava paz em sua movimentação, sentou se naquilo, como se sentasse num banco de descanso, que levemente buscava afeto. Talvez, de uma pequena lembrança do corpo e suor, que lhe trazia vida nas manhãs de sextas feira.

 

Foto de João Saenger